As Lágrimas da Princesa – Opinião

Este verão, apeteceu-me ler romances históricos, como já devem ter constatado. As Lágrimas da Princesa, de Maria João Fialho Gouveia, foi uma alegre surpresa. Comprado na Feira do Livro, na Topseller, havia prometido a mim mesma que não passaria do verão e assim foi. Apesar de só escrever hoje, foi dos que se leram ainda antes de dia 21 de setembro!

A história da família real, neste caso, os filhos do malogrado D. Miguel, desterrado por questões políticas e todo o mal-estar e não só, criado por esta situação, dá o mote à narrativa sobre a vida de Aldegundes de Bragança.

Com um casamento infeliz, principalmente pelo facto de não conseguir ter filhos ou levar uma gravidez a bom termo, Aldegundes tem uma vida rodeada da sua família e do seu marido, numa época recheada de um sentimento anti-nobreza que leva à queda de muitas das monarquias na Europa e até à morte de alguns nobres, numa altura conturbada que foi o início do século XX.

Viajamos com Aldegundes pela bela Itália, Suiça, França e até Portugal, naquela que seria uma visita clandestina dos sobrinhos do rei, ainda antes da queda da monarquia em 1910. Gostei muito das descrições das viagens, dos locais por onde Aldegundes passou, das relações familiares que interligam a realeza europeia e que desconhecia em alguns casos.

Outro dos aspetos que tornaram a leitura aprazível são as relações entre as mulheres de ambas as famílias, tanto das de Aldegundes como as irmãs de Enrico de Bourbon-Parma. É maravilhoso ver como se apoiavam, pelo menos no livro, em alturas mais díficeis das suas vidas e nas melhores também.

É um livro que se lê muito bem e que nos prende porque, apesar de sabermos mais ou menos o que acontece a Aldegundes) há uma história tão bem organizada e que flui muito bem que a única coisa que eu prometo que irá acontecer é dormirem menos.

Sinopse:

Formosa e culta, Aldegundes de Bragança era a quinta filha do rei D. Miguel, banido de Portugal no seguimento das Guerras Liberais que o opuseram ao seu irmão D. Pedro. Casada aos 18 anos com o príncipe italiano Enrico de Bourbon-Parma, cedo descobriu o homem azedo que o seu semblante belo e distinto escondia.

Os trinta anos de matrimónio foram tecidos de momentos ora de paixão, ora de discórdia, tendo como palco o seu palácio veneziano, o castelo dos Braganças na Áustria ou os iates que os levavam frequentemente a terras distantes. A maior batalha da sua vida, porém, foi a que travou em busca do sonho de ser mãe.

Visitou Portugal clandestina, impedidos como estavam os herdeiros de D. Miguel de entrar na sua pátria. Pátria essa à frente de cujos destinos sonhou um dia poder ver o seu amado sobrinho D. Duarte Nuno de Bragança, pai do atual pretendente à Coroa portuguesa.

Esta é a história da Princesa de Parma, uma mulher decidida e iluminada, que reclamou para si o título de duquesa de Guimarães e que fez do seu drama pessoal a força para vencer, encontrando na luta pela restauração da monarquia em Portugal a sua derradeira paixão.

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