Mulherzinhas, o Livro e o Filme

Mulherzinhas

Mulherzinhas foi o meu primeiro grande livro. No fim do 5º ano, recebi o livros como prenda de anos e levei-o nas férias. Devorei-o várias vezes nessas férias.

Naquele tempo íamos de autocarro até ao Algarve, durante horas a fio. Eu ainda conseguia ler um bocadinho no autocarro e julgo que o li no espaço de dois dias. Louisa May Alcott ajudou-me a crescer naquele verão e durante anos, sonhei ser a Jo.

No livro, temos a história das 4 irmãs March e a sua vida, no século XIX. De uma forma autobiográfica, a autora traz-nos um livro com uma mensagem de emancipação feminina, onde as raparigas ganham voz.

O amor em detrimento do dinheiro num casamento, o explorar um talento em oposição a aprender bordados, o pensar por si ao invés de deixarem todos os outros pensarem por elas. Foi, de facto, uma lufada de ar fresco que chegou em 1868. 150 anos depois continua a fazer muito sentido.

As irmãs March representam no livro, e mais ainda no filme, uma nova geração de mulheres que querem ser diferentes. Mesmo Meg, a irmã mais velha, aparece casada mas frágil, não a mulher perfeita que tudo faz sem nunca se queixar.

Creio que, ainda hoje, todas as meninas (e meninos) deveriam ler As Mulherzinhas para perceberem o que é crescer e aprender mais sobre os seus talentos e valores.

E depois, temos o filme, extremamente bem feito. A realizadora Greta Gerwig vai beber, não apenas ao livro, mas também à autobiografia da autora, acrescentando pormenores interessantes. Foi um notável trabalho de pesquisa.

As atrizes representam o crescimento ao longo de 7 anos, apesar de o filme não ser temporalmente linear. Há momentos em que é realmente estranho imaginar o que Beth, inicialmente pré adolescente, fica igual ao longo de todos estes anos… Tirando isso, representam um ótimo papel! Temos também Laura Dern, que merece um aplauso especial pela maravilhosa Marmee. A Tia March, representada por Meryl Streep, parece a voz do fantasma do passado mas com muito juízo e até uma boa dose de bom humor.

Quem tiver filhas adolescentes, organize uma pequena ida ao cinema, seguida de um clube de leitura focado no livro. Mesmo que possa parecer que não tem nada a ver com os dias de hoje e que é uma seca, talvez tenha tudo.

Ainda hoje, o papel da mulher continua a ser confinado e definido pelo exterior e não pelo que realmente se é. Pensadoras, artistas, criativas, caridosas e não esposa, escritora, à procura de marido e vítima… São todas muito mais do que isso, somos todas muito mais do que qualquer rótulo que nos queiram colocar ou que, por vezes, somos nós a colocar.

Já foram ver o filme Mulherzinhas ou já leram o livro?

Qual a vossa opinião?

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