Isto de ser mãe tem que se diga. Há quem não queira, há quem sinta o bichinho da maternidade cedo, outras despertam mais tarde mas quem é e mesmo quem não é, sabe que a vida muda depois de ter um filho ou dois ou três.
O primeiro é o bebé teste, que vem unir e transformar o casal… Se calhar, se não transformar o casal, não une. Mas isso fica para outro artigo! Ao nascer o primogénito, o balanço a dois altera-se, mesmo que seja de forma subtil. A disponibilidade de um e de outro muda, o tempo a dois passa a ser a três e um bebé não é um tamagotchi (quem nasceu antes dos anos 90, sabe o que isto é) que se desliga quando nos apetece…
Aprendi e continuo a aprender, suponho que mesmo velhinha caquética continuarei a aprender imenso com os meus filhos. Estas são talvez as lições mais importantes que tive em toda a minha vida e eles são os professores a quem mais amo.
A importância da Rotina
Quando éramos jovens e consequentes, eu e o meu marido decidíamos sair e íamos… Viajávamos, passeávamos, trabalhávamos de noite (no início do casamento estávamos a trabalhar e a fazer o mestrado ao mesmo tempo) não dormíamos para ir trabalhar ou dormíamos pela manhã a dentro, aos fins de semana. A rotina passava apenas pelas horas do trabalho. A partir do nascimento do primeiro filho, percebemos que as rotinas lhe davam segurança e ele ficava mais feliz e, consequentemente, mais calmo. A hora de comer, de dormir e de tomar banho, a leitura, o mimo e a massagem, eram aqueles rituais que facilitavam a nossa vida e a rotina acaba por se tornar nossa amiga. Crianças bem dormida é uma criança mais feliz e os pais também.
A importância da espontaneidade
Nem só de rotina vive o homem e a espontaneidade também é importante. Um dia não são dias e as surpresas também fazem as delícias de uma família. Hoje vamos comer uma pizza porque sim (na verdade, porque não me apetece fazer o jantar). Em vez de ficarmos a aquecer o sofá, vamos andar de trotinete na marginal. Façam os sacos que vamos acampar ou quem quer um banho de cócegas são momentos únicos que guardamos para sempre…
A três, a quatro, a cinco, mas sempre a dois (e a um)
Se nós não estamos bem, ninguém está bem. Uma família é um ambiente muito delicado e, basta um não estar bem, para desequilibrar o mesmo. A importância de os pais estarem bem e terem direito a tempo só para si a dois ou sozinhos é muito, mesmo muito importante. Aqui, o papel da rotina é fundamental. Se soubessem como gosto de me enroscar no sofá com o meu maridão depois da casa estar em silêncio. Meia hora serve de terapia diária (se for mais, melhor)! E, para além disso, preciso do meu tempo sozinha que, normalmente se traduz na hora de dormir, ficar a ler e a escrever um pouco depois de já todos terem adormecido.
A única impossibilidade é a morte
Tudo na vida tem uma solução. Pode doer, pode custar, pode exigir forças que não sabíamos que tínhamos mas tudo na vida tem uma solução, nem que seja o tempo que cura muita coisa. O importante é analisar bem o problema, panicar durante 2 minutos e depois de respirar fundo procurar a solução… Dormir também ajuda a relativizar e solucionar problemas… O que não tem solução, está resolvido. Agora é só adaptar-nos à nova realidade. Não menosprezo os problemas, sei bem quanto magoam. No entanto, à medida que cresço e vejo os filhos crescer, percebo que os dramas de antes, se calhar não eram assim tão dramáticos.
O Amor que se multiplica (não se divide)
O medo dos meus filhos é que eu goste mais de um ou de outro. Explicar que por eles nascerem não deixei de amar o pai, que por nascer o N. ou o C. não deixei de gostar ou passei a gostar menos dos outros é um conceito complicado e as inseguranças são muitas. As mães sabem que amamos os filhos de amor igual, embora a forma como o demonstremos possa ser diferente, adaptando-se ao estilo de cada um. Se há um filho que não aprecia abraços não o vou forçar a ser abraçado mas recebe beijinhos ou massagens pois acho que o calor humano é importante… Não vou demonstrar afecto publicamente ao meu adolescente pois sei que isso o constrange. Não quer dizer que tenha deixado de gostar dele… significa apenas que respeito o seu espaço. Em casa não se livra do mimo! Uma mãe tem tantos corações, quantos filhos e, a maravilha da natureza é que cabem todos cá dentro, mesmo quando parece que andamos com o coração cá fora!