Não é o típico livro de ficção. Aliás, no fim do primeiro capítulo, questionamo-nos porque é que o livro irá continuar. Tudo deveria terminar ali, naquele momento.
No entanto, tal como na vida, há recomeços e nesta obra há três, fora as quebras, entradas e saídas de personagens peculiares, de ambientes exóticos, cruéis e hostis; de amor, amizades profundas, paixões e adoções pouco convencionais.
Qasim, a nossa primeira personagem, é um rapaz doce, do seu tempo, do seu espaço, as montanhas geladas e profundas do Paquistão, tão profundas como a falta de civilidade para com as mulheres, como veremos mais adiante, quando regressa a casa para casar a sua filha adotiva Zaitoon.
Esta, salva por Qasim, ainda pequena, num dos vários e bárbaros ataques aos comboios, será diferente. Estuda, tanto quanto lhe foi possível, é feliz, até ao dia em que é obrigada a casar com um homem da terra de Qasim e tem que tomar a opção da sua vida: fugir ou morrer, que poderá ser morrer ou morrer.
Celebramos recentemente o Dia Internacional da Mulher e, apesar dos 50 anos que separam o tempo desta obra dos dias de hoje, que há realidades como o casamento arranjado, entre meninas-mulheres; a falta da educação para estas meninas, a falta de igualdade não só entre homens e mulheres mas até entre mulheres como verificamos na diferença das realidades entre mulheres como Carol e Zaitoon.
É um livro cru, bem escrito mas com uma história que é quase um murro no estomago. Como é que isto foi e é possível? Como é que ainda hoje há meninas como Malala cuja tentativa de assassínio se deveu a querer estudar? A violação de todos os tipos de direitos, começando pelo de viver, como na China ou na Índia, ainda é possível no século XXI.
Não é um romance feminista… É apenas uma chamada de atenção para as diferenças de género num mundo que se quer igual!
Obrigada por compartilhar!
Muito obrigada! 🙂 Boas Leituras!