2017
Se, por alguma razão inexplicável, encontraram este post na primária rede “internet” e se encontram no (atualmente) longínquo ano de 2222, o título “emprestado” é uma referência a uma obra (livro, perguntem ao professor Google, ou equivalente, o que isso era) de Erich Maria Remarque. Passando o ano 2017 em revista, lamento informar que os mais importantes acontecimentos acabaram por ser um reflexo da última década e um aviso do que nos espera no 2018:
*Em ano de eleições podemos, finalmente, vivenciar a conclusão (ou a colocação da primeira pedra) das obras há muito tempo prometidas … às portas de um ano estéril (sem eleições nem campanhas) temos um mau pressentimento que as coisas vão possivelmente esmorecer um pouco.
*A par dos recorrentes problemas associadas às cíclicas intempéries em Portugal (assim que entramos no verão, o país arde de norte a sul; cai um pingo, as periódicas inundações) registamos novo record de área ardida, vidas humanas perdidas e famílias desalojadas.
*Não houve um dia sem as (tradicionais) procissões de carros à entrada e saída das pessoas que neste século (ainda) se deslocam para o trabalho.
* Milhões, milhões e mais milhões … há pessoas que levem a velha máxima, “Quem rouba pouco é ladrão, quem rouba muito é barão”, demasiado a peito para se destacar dos demais bandidos: desfalques, desvios ou usufruto de dinheiros públicos para proveito próprio, fraude, favorecimentos, tráfico de influência, corrupção, branqueamento e fraude fiscal, falsificação de documentos …
*xenofobia, racismo, descriminação, violência, escravatura, usurpação dos direitos humanos, povos fustigados pela guerra… realidades que acontecem cada vez mais próximas das nossas fronteiras e em países com eleições “democráticas”.
Surpresa ou novidade para nós todos foram os diários 140 carateres do twitter presidencial com recomendações, “esclarecimentos”, ameaças, ordens, avisos de forma indiscriminada para aliados e inimigos (um amigo uma vez descreveu-me a bomba atómica como a arma mais democrática que existe: indiferente à raça, nacionalidade, sexo, idade ou credo). Associadas a estas palavras tivemos as imagens de filhos de primeira ou segunda geração de emigrantes a envergarem cartazes com destacáveis: Seal the Borders, Immigrants Out, Stop the Invasion.
A Oeste Nada de Novo, para quem ainda não leu, Herr Remarque conta a história do jovem Paul Bäumer, de 19 anos, alistado e a combater nas fileiras na Primeira Guerra Mundial. Ao longo da obra o jovem faz-se homem e aos bocados um ser germinado da rotina da guerra, fome, horrores, frio, tristeza, angústia, medo de mais uma batalha & mais uma oportunidade para morrer. Confrontados diariamente com a presença da morte física e perseguidos pela morte da esperança começam a duvidar da lógica da guerra e do simbólico sacrifício de alguns, em nome de outros que nunca conheceram e que provavelmente nunca irão conhecer … Que Covfefe!
Bom ano 223 (aos que sobreviveram ao ano 2018)