Ler poesia requer tempo. Cada poema deve ser saboreado e apreciado. Deve ser tomado como um medicamento para a alma. E cada poema é especial para determinado momento da vida.
Há poemas que refletem o que se passa à nossa volta, outros fazem-nos sonhar e alguns chorar. Assim é um pouco de tudo, é poesia, reflexo da alma e reflexo do mundo, pão para o espírito e água para a mente.
Com Luís Xarez, é o que acontece. Num pequeno livro, de 144 páginas, encontramos o mundo todo, as emoções todas, cuidadosamente contidas em banhos de letras que explodem ao ser lidas.
Não julgue o leitor, desabituado a ler poesia, que esta é uma forma morta de arte. Aqui, está bem viva, palpitante até. Adapta-se a um mundo moderno, tocando em temas variados de ontem, de hoje e até de amanhã.
E, para os amantes de poesia, não julguem que é mais um. Xarez consegue tocar tantos pontos importantes em tão pouco tempo, que parece tratar-se de uma antologia, cuidadosamente seleccionada.
Esta obra encontra-se dividida em 6 partes:
- assim na natureza
- assim na cidade
- assim na dança
- assim na mente como no corpo
- assim no meu canto
- assim tu
Em cada 12, 15 poemas, Luís Xarez convida-nos a passear no seu mundo, que é também o nosso. Durante 150 páginas, sonhamos, refletimos, dançamos e viajamos, sem nunca sair do mesmo lugar.
Sinopse de Assim, Luís Xarez, 2019
Assim na natureza, assim na cidade, assim na dança, assim na mente como no corpo, assim no meu canto, assim tu: são os seis núcleos onde se podem agrupar os 85 poemas de Assim.
Só para vos dar uma pista, o autor gosta de curvas e de retas, das curvas das dunas e das retas das colunas, do alisamento da curva e do abaulamento da reta, do acorde da curva com a reta e assim, assim não, assim sim, assim assim não, numa pequena lista, barroco futurista, gótico minimalista, cubismo surrealista, e daquele olhar assim impressionista, só para vos dar uma pista.
Deixo-vos um pequeno mas significativo poema de Xarez:
deixei-te um bilhete
deixei-te um bilhete
debaixo de uma pedra
como não o leste
deixei-te um bilhete
escrito na pedra
como não o leste
deixei-te um bilhete
escrito na árvore
como não o leste
deixei-te um bilhete
escrito no céu
e sei que nesse dia leste
mas nunca soubeste
nem que era para ti
nem quem era eu
Também apreciam poesia? Já conheciam Luís Xarez? Qual o vosso poeta ou poema preferido? Contem-me tudo nos comentários!