Cá em casa costumamos brincar que a comida preferida do papá é o “Come e Cala-te” pois lá em casa ser esquisitinho nunca foi uma opção. Quando perguntavam, com um olhar reprovador, sobre o que tinham de comer, a resposta era simples:
- Hoje temos Come e Cala-te!
Há que dizer que o meu marido tem uma boquinha abençoada e quando me esqueço do sal, ele diz sempre que estava óptimo…
Não conseguimos fazer o mesmo com os nossos filhos. O filhote do meio, que sofreu de intolerância à lactose durante 6 anos, ficou com palato muito delicado pois tinha sempre muito medo de provar comida nova. Sofria muito de problemas de barriga e custava-lhe dar o salto para novas aventuras gastronómicas.
Acabou por influenciar o mais novo, que se o mano não gosta ele também não. Por vezes, temos o caos instalado, quando se trata de comida nova, só que come e cala-te não serve para estes jovens ensinados a argumentar. Dissemos isso uma vez e a questão que saltou para a mesa da cozinha foi:
- Não devia ser cala-te e come?
- Se estivermos de boca cheia, a falar, e só depois nos calarmos, não é má educação?
- Mas Come e Cala-te dá para tudo?
e assim os pais perderam o direito de utilização da frase usada. Por outro lado, proibiram o uso da palavra odeio… Odeio ervilhas, odeio tomate, odeio cenoura cozida, odeio cebola. Notam um padrão? Nunca ninguém aqui em casa odeia carne, mas vegetais… é sempre uma batalha que dura há anos.
Esta semana, estava a ver uma foto da Limited Edition no instagram e acabamos por conversar sobre crianças e comida saudável. Agora, há uma grande preocupação com comida saudável e rapidamente aparecem nazis da comida que criticam os pais que não conseguem mudar hábitos… Não é o caso desta blogger, que apoia a via do meio, tudo com peso e medida, preferencialmente comida a sério.. De acordo com as possibilidades de cada um, quer a nível de tempo, quer a nível de gostos.
Cá em casa temos cerca de dois pratos vegetarianos por semana. Não gostam de vegetais, não gostam de experimentar comida nova… Torna-se complicado! A ideia é sempre não desistir e ir experimentando pratos novos . O Esparguete à Bolonhesa vegetariano é o que melhor saída tem mas ainda não deixamos de ter esperança.
Os pequenos almoços não são mega saudáveis… De segunda a quinta comem cereais, corn flakes e um dos que preferem, em doses iguais para cortar no consumo de açucar. As panquecas já levam aveia e sopa é companhia constante. Deixamos de comprar tantas bolachas mas temos a noite da bolacha especial (um pacote normal dá para 3 ou quatro por pessoa). Fazemos um bolo simples por semana e temos salada na mesa… Todos se servem ou a mãe serve! Fruta é obrigatória mas temos uma sobremesa especial por semana.
Não é fácil ser-se pai no século XXI… Já não dá para dizer come e cala-te… Já não chega um pão com manteiga e um copo de leite. Queremos filhos saudáveis e felizes e, por vezes, isto parece antagónico…
Há esperança. Eu detestava iscas e agora gosto. Também não gostava de sopa e agora adoro… Não conseguia comer uma omolete de salsa e cebola e agora sou eu que as faço. Daqui a 20 anos falamos! Pode ser que os filhotes já gostem de vegetais e se tenham habituado a comida ainda mais saudável. Até lá, não se desiste, persiste-se!
Escolhi esta foto pois isto era algo que seria completamente odiado cá em casa… Porque tem pimento, porque tem tomate, porque tem queijo ou requeijão, blá, blá, blá mas tem tão bom aspecto!
Just delicious 🙂
I mean, everything is delicious: the writing, the story, the arguments, the food and specially…. the family 🙂
Thank you dear friend!
Olá, Ao ler-te só me conseguia lembrar de um dos episódios do officina: http://theofficinalis.com/pt/ep05/ Gostei muito de o ouvir. Espero que gostes.
Obrigada pela dica, Lucie! Vou ouvir atentamente!
Eu sou da opinião que soup nazi só no Seinfeld. De resto há tantas possibilidades, nuances e condições que se torna difícil que a realidade copie a arte. Sou completamente contra qualquer tipo de vexações, especialmente online porque quem as faz esconde-se por detrás de um ecrã de computador, nunca enfrenta as mães e os pais que fazem diariamente o melhor que podem. Ainda há poucos dias uma médica dizia-me “As pessoas querem o mais fácil possível, são preguiçosas e comodistas. Ser mãe não é fácil e eu, como não tenho as condições que preciso, para já prefiro não o ser.” Eu acho que esta senhora confunde o difícil com o perfeito. Se estiver à espera das condições ideais, então nunca terá filhos. Mas se os tiver, espero que não esteja constantemente a cobrar-se a si mesma, até porque as condições ao longo da vida mudam e muitas vezes num pacote de bolachas de supermercado também cabe muito amor.
Tens razão Joana, cabe muito amor… Convém é ser doseado! Senão são muitas bolachas 🙂 e elas são terrivelmente tentadoras e falo por mim! O que mais gosto de fazer antes de dormir é beber um leitinho e comer bolachas!
ahaha nem mais, não és a única tocada por essa fraqueza, acredita. os truques que uso cá em casa são: 1) não comprar para não ter a tentação de comer; 2) ter disponíveis as tais guloseimas mas em versão saudável; 3) reservar esses doces para ocasiões especiais, como jantares fora, tpm, etc. acho que a nossa geração foi muito educada na base do doce como recompensa e se direccionarmos esse impulso para outras actividades igualmente prazerosas, o ciclo tem tendência a quebrar. mas lá está, o açúcar faz parte da vida, tem é de ser doseado… como tudo, aliás! 😉
Eu cá adoro requeijão, tu não?
Novo post: http://abpmartinsdreamwithme.blogspot.pt/2017/10/zaful-wishlist.html
Beijinhos ♥
Achei o texto delicioso. Também tenho uma enteada que ainda nem provou já está a dizer que não gosta. Antes perguntava se gostava deste ou daquele ingrediente e a resposta era sempre não. Hoje em dia não pergunto nada e ela tem comido tudo. 🙂
Boa técnica :). Infelizmente já não funciona com o N.. Se é verde, é porque é verde, se tem soja, é porque tem soja… Acho que está na fase que, por ele, eram só bifes com batatas fritas.
Será só uma fase… Eu demorei 30 anos para gostar de pimento. 🙂 Beijinho
e eu esparregado 😀