No dia de São Carlos Borromeu, ou seja, no dia 4 de novembro, nasceu a muito desejada e linda B., filha de uma amiga de adolescência. Tudo correu bem, à excepção de uma infecção que fez com que a B. tivesse que permanecer no hospital um bocadinho mais do que a mãe…
Tive outra amiga com uma menina prematura que ficou algum tempo no hospital e a verdade é que não gostamos de falar destes assuntos. São o lado B da maternidade… As futuras mães e as mães presentes.
São surpresas que acontecem nesta roleta mágica que é a maternidade e que acontecem com mais frequência do que imaginamos. Icterícia, problemas respiratórios, de coração, infecções, entre outras, fazem com o que o bebé não venha para casa logo. Não só têm de lidar com a questão de saúde mas igualmente com o berço vazio.
Chegar a casa e não poder ficar a acompanhar a criança nos serviços de neonatologia ou ficar a dormir no hospital mas sem poder vir para casa transforma estes pais em super-heróis.
Apesar de ter tido três gravidezes complicadas, partos fáceis, só apanhei um susto com o mais velho. Por inépcia minha, ainda por cima. Isto de ser mãe caloira faz com que se cometam erros e eu cometi um erro complicado que fez com que a nossa estadia na maternidade não tivesse sido assim tão simples.
O J. nasceu muito bem, com os testes bons e tudo se encaminhava para vir para casa. Infelizmente, a minha placenta tinha saído toda despedaçada e tive que ir fazer uma ecografia para se certificarem que estava tudo bem com o meu útero. Vieram buscar-me na altura da visita do pediatra e pediram-me para deixar o J. ali no quarto, semi-despido para a consulta e tive que ir embora, que elas tomariam conta dele. Se estivesse tudo bem com ambos, poderíamos ir embora. Não demorei muito mas quando cheguei não havia J. Perguntei a quem me rodeava e ninguém sabia onde estava o meu filho. Comecei a entrar em pânico pois pouco tempo antes tinha sido raptado um bebé num hospital no litoral. Eu sei que é um filme mas eu estava mesmo muito assustada porque ninguém me sabia dizer onde estava o meu filho.
Finalmente uma enfermeira veio ter comigo avisar-me que o meu filho tinha sido levado para uma incubadora porque estava roxo e o pediatra tinha receio que fosse um problema cardíaco. Não era… Tinham apenas deixado o meu filho demasiado tempo desprotegido e o pediatra tinha demorado mais tempo que o esperado. Era apenas frio! Eu poderia ter tido alta mas ele não para observação. Felizmente, tiveram o bom senso de me deixarem ficar mais uma noite e no dia seguinte pudemos vir para casa pois o que se tinha passado era frio e não coração.
Pela minha parte, aprendi a lição. Nunca mais deixei os meus filhos sozinhos no hospital, nem para ir à casa de banho, nem para tomar banho… Só o fazia quando tinha o meu marido, a minha família por perto…
Mas este susto, não se compara com o que muitas mães passam. As que voltam para casa e deixam os bebés no hospital para seu bem. São caminhadas na maternidade muito mais difíceis, provas de fogo que só quem é pai/ mãe percebe. São nestes momentos que percebemos a questão de como as mães vão buscar forças sobrenaturais que nem sequer sabiam que tinham e conseguem resistir e ultrapassar tudo isto, por elas e pelos seus filhos. Força mãe… Estamos um dia mais perto da vinda do bebé para casa!
Não quero ainda conhecer a B.. Quero que cresça e fique resistente para poder conhecer os meus filhotes mas adorava poder dar um abraço à sua mamã, que fez um longo caminho até aqui e vai agora, depois desta prova dos nove, começar o grande caminho que é ser mãe. A ela um grande abraço virtual e até breve!