No início do ano lectivo, afirmei que ter dois carros em Lisboa era redundante. E era… Não fosse esta pandemia e o meu receio de andar nos transportes públicos, este ano.
Recentemente, o nosso carro morreu e de dois passámos a nenhum. Na próxima semana, saberemos se o carro tem arranjo ou não e se o preço do arranjo compensa.
Isso faz-me refletir como estarão muitas famílias hoje em dia. Com a DGS a focar no perigo que é andar em transportes públicos sobrelotados, sem alternativas viáveis, como pode o cidadão fazer? Há muitos quilómetros que não são cicláveis em família, para quem pode andar de bicicleta.
No nosso caso, não será uma opção viável, não só por falta de ciclovias, mas porque os caminhos da escola são apertados, com autocarros e muito trânsito a alta velocidade.
Para já, e comigo e o marido como doentes de risco, os transportes públicos que tanto utilizámos este ano, deixaram de ser escolha. Para o ano, teremos que aprender a dividir o carro entre 3 filhos em 3 escolas diferentes, embora possam ir a pé, na maioria dos dias.
Para além disso, o pai ter de levar o carro para o trabalho e, se tudo correr bem, a mãe andar com uma recém-nascida atrás. No entanto, esta não é uma publicação para olhar para o umbigo, mas para analisar o panorama geral.
Como muitas famílias portuguesas, temos mais de um filho, só temos um carro, sendo que muitas, nem um carro possuem. Como podem, em segurança, deslocar-se e não levar carro para Lisboa, por exemplo?
Com o regresso à normalidade laboral, haverá uma enchente de carros por parte dos automobilistas para evitarem o uso dos transportes? Como se pode evitar esta questão? Estarão as empresas preparadas para deixar os trabalhadores mais vulneráveis trabalhar em sistema de trabalho remoto?
E os que têm que ir trabalhar in loco, mas não têm carro? Estarão as empresas disponíveis a custear um sistema de transporte alternativo e mais seguro? É que um trabalhador saudável vale mais do dois doentes!
Falta pouco mais de um mês para as aulas começarem e todo o sistema económico retornar à normalidade possível. Depois chegará o tempo frio e todos os receios que daí poderão advir. Como poderemos proteger toda uma sociedade, em termos de saúde, sem prejudicar a economia? Têm respostas?
Neste momento, só tenho dúvida e questões, em grande quantidade!
As grávidas são consideradas agora grupo de risco, as empresas não podem obrigá-las a retomar o trabalho presencial. Mas sim, tens razão. Há zonas como a tua em que não existem transportes. Eu evito viajar em hora de ponta e sinto-me confortável nos transportes públicos, mas compreendo quem não esteja. Neste momento, o sítio mais longe que tenho de ir é à Fruta Feia em Telheiras e temos aproveitado para fazer uma boa caminhada nos 2 sentidos.
É realmente complicado e quando começar a chover ainda vai ser pior.