Fui uma sortuda. Descendente mais velha, das filhas mais velhas, convivi com a minha trisavó até aos 4 anos. Conheci todas duas das minhas bisavós, que só morreram quando tinha 18 anos. Um bisavô, a quem li quando ficou cego, que ficou connosco até aos 19 anos e os meus avós, que ainda viram os meus filhos nascer e crescer.
Cada um deles traz-me memórias muito especiais e não necessito de um dia especial para me lembrar deles. Cada vez que como um biscoito de azeite, que pego na máquina de costura ou mesmo antes de dormir, estão comigo.
Tenho fotos deles pela casa e, volta e meia, faço monólogos dirigidos às suas pessoas. Cada um deles marcou-me à sua maneira e, por mais velha que fique, por mais anos que passem, continuam a fazer-me muita falta.
É esse o papel dos avós. Deixar saudade de tanto amor que partilham connosco. Talvez esse seja o amor mais incondicional de sempre pois é um amor lento e maduro, que já aprendeu que a vida passa a correr e temos de aproveitar cada segundo.
São companheiros cúmplices, dadores de abraços grandes e poderosos, cujos braços têm o tamanho do mundo. Engordadores de coração, cujos lanches podem ir desde bolos a bifes e que, no fundo, só querem oferecer o que os netos mais gostam. Jogadores natos de todos os tipos de jogos, que se vão adaptando aos tempos modernos e levando os netos aos tempos passados. Professores de mil e uma tarefas, cuja validade só é assimilada depois da sua falta.
Não precisamos de um dia dos avós… Precisamos do Avós, sempre!