Há algum tempo, pedi num dos grupos de facebook onde mais aprendo sobre como ser mais verde, ajuda para guest-posts sobre caminhos para nos tornarmos mais verdes., o Lixo Zero Portugal. Já cá tivemos a Margarida Pestana, que nos falou das suas plantas e agora temos a Dora Almeida, cujo texto será partilhado hoje e para a semana.
Na primeira parte, vamos aprender mais sobre o sistema de reciclagem na Suíça e para a semana a caminhada pessoal daquela família linda.
Muito obrigada à Dora que foi 6 estrelas. Não se esqueçam de seguir a Dora nos facebook, instagram e blog… Os links estão lá em baixo, depois da apresentação da Dora.
Aqui vamos espreitar os passos que a Dora deu para um mundo melhor e tentar adaptar os mesmos à nossa realidade. Boa leitura!
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Tudo começou há pouco mais de três anos. O hábitos já vinham a ser alterados. Faltava um clique ou uma outra perspetiva para que a mudança definitiva se desse. Falo da alimentação. Após vermos um documentário que nos deixou a pensar ainda mais profundamente acerca do tema ambiente (para além das questões animais que já nos eram muito próximas) decidimos definitivamente deixar de comer animais. Muitas mudanças já tinham sido feitas. Há muitos anos que não bebíamos leite de vaca (quando ainda só havia a opção de leite de soja no mercado), e as carnes vermelhas eras raras. As carnes passaram a ser só de aves após nascimento da nossa primeira filha, e “sem querermos” acabamos por ter comportamentos alimentares mais sustentáveis e amigos do ambiente. Todas estas alterações trazem muitas outras realidade à tona e a consciência que há muito a fazer torna-se clara. Foi tudo muito natural e de uma forma muito tranquila.
Não houve esforços para deixar qualquer tipo de alimento. Apesar de reduzido, continuamos a consumir algum queijo e ovos, sendo que é algo que pretendemos abolir de todo. Mas bem, podemos dizer que desde esta grande alteração, todas as outras vieram por arrasto.
Comecemos pela reciclagem. Sempre tive muito atenta a esta questão. Mas desde que vivemos na Suíça, tomamos consciência de métodos mais facilitadores e incentivadores para que esta se faça de uma forma mais correta, tendo em conta agora outra realidade, num outro país. Apesar de um pouco chocada quando aqui cheguei, agora percebo e faz-me todo o sentido o porquê dos sacos do lixo serem pagos! Não falo dos sacos que se compram nos supermercados (a medida que foi imposta em Portugal, já aqui era prática comum), falo dos sacos para inserir no contentores comuns para lixo não orgânico. Todos os sacos têm de ser comprados. Não se podem colocar quaisquer outros sacos nestes contentores. Cheguei a fazê-lo e fui “simpaticamente” avisada pelo senhor da manutenção e limpeza do edifício que não poderia e deu-me um saco do lixo de “oferta” para que pudesse perceber do que se tratava. Inclusive tem marca e símbolo do cantão em questão. (Nota: a Suíça é dividida por cantões, que apesar de muitas coisas em comum, cada um tem a sua própria organização e regras associadas). Estes sacos tem vários tamanhos (lt.). Para terem um ideia, 10 sacos de 30 litros, custam cerca de 30 euros.
Para quê? Pois bem, para uma maior consciência do que nele se deita. Para que a reciclagem dos produtos realmente recicláveis seja efetivamente feita. Incentivam assim, à correta separação do restante lixo, pois não se vai querer ocupar espaço nestes sacos com lixo que não seja não orgânico e que pode ser separado (lixo orgânico, latas, vidros, cartões, …). Inclusive há coimas para separação incorreta do lixo e material reciclável. As autoridades facilmente abrem os sacos do lixo para procurar alguma identificação e, desta forma, chamar à responsabilidade.
Junto aos contentores para o Lixo não orgânico normalmente é também onde está localizado o contentor para todo o lixo composto. Este também deverá ser devidamente separado em casa para depois ser aqui colocado, ou diretamente ou em sacos que se compram especificamente para lixo composto. É algo tão natural e normal que todas as casas no interior têm dois caixotes do lixo, um para o lixo orgânico e outro para composto. (Da mesma forma que o mobiliário da cozinha está normalmente sempre incluído, os caixotes também fazem parte do “conjunto”).
Para além disto, a reciclagem é feita de uma forma mais abrangente/especifica, como por exemplo, plásticos duros, plásticos moles, PETs, cartão, papel, cápsulas das máquinas de café, latas, pilhas. Não existem ecopontos da forma como estamos habituados em Portugal. Existem alguns locais nas localidades para o vidro (branco, castanho e verde) e nos supermercados têm também pontos de reciclagem normalmente para os recicláveis mais comuns (PETs e por exemplo embalagens de plástico). Normalmente com todo o tipo de recolha de recicláveis temos os locais para recolha de lixo, aos quais vou chamar aqui “Centros de reciclagem”. Todas as localidades têm um. Cada um tem os seus contentores para os diferentes tipos de lixo e normalmente com quase todas as opções, apesar de irem variando consoante a localidade.
Têm dias e horários específicos e funcionamento. Nos de maior dimensão, por exemplo, cidades maiores ou capitais de cantão, até podemos encontrar este “lixo” (que como sabemos muitas vezes só é lixo porque não temos ou sabemos onde usar) a ser reaproveitado por quem quiser, dado que foi selecionado e posto em exposição. Falo de livros, vidros, roupas e afins…Um autêntico mercado de reaproveitamento / segunda-mão!
Curiosidade disto é que não existe recolha de embalagens tetra pack nestes centros, apenas em alguns supermercados Aldi. Parece que já houveram alguns projetos pilotos com pontos de recolha que correram muito bem em algumas localidades e por isso espero que os abranjam por todo o país. Ou então, e bem melhor, uma mudança de hábitos para que embalagens destas não sejam compradas e assim não tenham que ser recicladas!!
A reciclagem é uma coisa boa, mas não é a solução. Devemos reduzir a quantidade do que reciclamos pela redução do consumo que fazemos.
Confesso que não investiguei como funciona no resto da Europa, apenas sei que aqui as cápsulas Nespresso são recicladas pela própria marca. Pela informação de uma colaboradora, até ao momento é o único país que o faz. Eu já cheguei a comprar café em que as cápsulas já eram recicladas. Se as encomendas forem feitas para entrega em casa eles inclusive recolhem o saco das cápsulas usadas. Têm actualmente um novo serviço, e de forma gratuita, podemos enviar as cápsulas via correio. Honestamente? Achei fantástico!
Bem, apenas mais uma nota e não canso mais com isto da reciclagem; para além de podermos inserir jornal nos contentores de papel nos “Centros de reciclagem” existe ainda um dia por mês onde é realizada a recolha de papel, nomeadamente jornais. Este dia é divulgado em placares existentes para o efeito. Basta para tal, deixá-los junto a um local especifico junto às casas, devidamente condicionados (normalmente por uma corda fina) e a recolha é feita. Existem imenso jornais gratuitos na Suíça, e acredito que esta medidas advém da quantidade de jornais que recebemos semanalmente na caixa de correio.
(…)
O meu nome é Dora. Sou mãe de duas meninas que são a minha maior inspiração e onde vou buscar grande parte das minhas aprendizagens. A melhor forma de me caracterizar é a minha paixão por viajar e por tudo o que é a essência humana e do mundo.
Se quiserem saber mais, estou por aqui:
www.facebook.com/gostodenos | www.instagram.com/dorasalmeida | gostodenos.wordpress.pt
Um óptimo artigo com detalhes muito interessantes. Obrigado pela partilha e por favor continuem a abordar este tema que é extremamente pertinente.
Muito obrigada. Vamos tentar 😊
Útil e necessário!
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