Super Nanny ou o direito à privacidade da criança

Já conhecia o formato na televisão alemã, há muitos anos atrás. Confesso que achava o programa pedagógico embora demasiado expositivo. Mas, como a realidade estava longínqua não pensei muito no assunto. Para além disso, na televisão alemã há alguns programas estranhos como enviar adolescentes mal comportados para tribos para aprenderem a trabalhar em equipa e o peso da responsabilidade…

Como mãe, e quem nos segue sabe, sou extremamente ciosa em relação à privacidade dos meus filhos e o direito à imagem deles pertence-lhes e eu, como mãe, devo zelar pela mesma. Agora, a verdade é que o objetivo a que o programa se propõe é positivo e Teresa Paula Marques faz um bom trabalho. O problema é usarem a imagem das crianças pois os conselhos são válidos. Qualquer pai que tenha feito um curso de parentalidade sabe quão importantes são as regras e a coerência, o reforço positivo e dar objetivos às crianças e isso está no programa e poderá ajudar aquelas famílias mas também as que estão em casa e que se revêm em determinadas situações.

O erro está no formato. Compreendo que se não se vir a evolução das crianças, o programa não terá a audiência pretendida mas há que fazer compromissos. Por outro lado, fazia falta um programa assim. Atenção, não no formato em que está, mas um programa com ideias para ajudar os pais a melhorar a relação com os seus filhos. Por vezes, coisas simples como uma tabela podem fazer milagres numa manhã estressante e se for mostrado com se faz, poderá fazer a diferença.

Os conselhos estavam lá, o trabalho na relação mãe – filha – avó estava lá, o apoio que é tantas vezes necessário estava lá. É fácil julgar mas é difícil ser mãe… Todas as ajudas são bem-vindas (claro que não a qualquer preço).

Confesso que vimos o programa cá em casa. O meu adolescente ria-se pois muitas daquelas técnicas já tinham sido usadas em si e nos irmãos, não por causa da Super Nanny mas porque tanto eu como o pai já frequentamos cursos de parentalidade e era um tema que sempre me interessou, por isso há dez anos que pesquiso sobre o mesmo.

Não vou condenar o programa! A ideia é válida só que a forma não está de acordo com o que se pretende quando se quer ajudar uma criança. O direito à imagem pertence-lhes mesmo que os pais tenham assinado um papel. Mudem o design. Sejam originais! Transformem-no num programa de parentalidade positiva, com os pais, os avós e o cão. Peguem na energia e racionalidade de Teresa Paula Marques e usem-na.

Protejam as crianças para que, no futuro, não sofram as consequências de um programa onde apareceram aos 7 anos! Ajudem os pais para que todos sejam felizes! A televisão não tem de ser um Big Brother mas também não deve ser apenas novelas. Devolvam o lado pedagógico à TV!

SuperNanny Portugal

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