The Post

Afinal os políticos também mentem?

O mundo da imprensa e jornalismo encontra-se repleto de histórias de heroísmo e sacrifício, não passa um ano em que um jornalista morra ao serviço, por causas não naturais, repórteres arriscam nome, reputação e a sua liberdade em nome da verdade, técnicos da imagem e do som desempenham as mais audazes peripécias para apresentarem provas irrefutáveis (até estas serem corrompidas por um vírus misterioso). The Post é a homenagem póstuma de uma destas histórias e acreditamos que será o Clube dos Poetas Mortos de muitos aspirantes a jornalistas.

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Katharine Graham nasceu no meio jornalístico, entre a imprensa, o cheiro intenso da tinta de impressão, a agitação da sala de redação, corredores e elevadores onde somente se discutem as mais recentes acontecimentos e fofoquices. Inexperiente observadora nunca imaginou encontrar-se um dia à frente desta grande máquina e herdar todas este legado do seu pai, após a seu morte do seu marido … nem arriscar perder tudo isto à custa de um dos mais bem guardados segredos de três décadas de presidentes dos EUA.

The Post – Spoiler

Quando um filme retrata um acontecimento ou personagem da história corre-se o risco de não encontrar muitas atrizes e atores a verem os seus nomes ofuscados ou “colados” a uma personagem bem maior que a página, busto, estátua, nome de rua, bairro, aeroporto, estampa de selo ou nota. Há ainda muitos cinéfilos e amantes do cinema que detestam spoilers, não havendo, neste caso, muita margem para manobra: Moisés separa as águas; a Alemanha perde nas Grandes Guerras; JFK, Martin Luther KIng, Princesa Di, Elvis Presley, morrem em circunstâncias suspeitas; Nixon foi (quase) destituído e Trump já tem uns belos volumes dignos de uma série hitchcockiana. A história já foi contada, resta-nos saber como & por quem é retratada.

Contando com mestria de Steven Spielberg, a inédita parceria de dois grandes nomes da 7.ª arte, Merryl Street e Tom Hanks, o Washington Post não poderia ficar melhor na imagem. The Post é a história de um jornal local que se tornou é a primeira página de todos os jornais no mundo: desafiou a justiça, a sorte, colocou a sua estabilidade e existência em risco ao importunar um presidente “com mau feitio”. Katharine Graham encontra-se na posse de documentos comprometedores referentes a 30 anos de encobrimentos & mentiras presidenciais relacionados com a guerra no Vietnam. Fiel aos ensinamentos do seu pai, “o jornal é o primeiro esboço da história”, um momento muito sofrido torna-se um importante exemplo da liberdade de expressão, e definição entre limites morais, segredos de justiça, informação ultrassecreta, … ou censura, peculato e abuso de poder.

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