Nas últimas publicações de “A mamã é que sabe” falámos de filhos… Hoje vamos falar de pais.
Depois de nascer um filho, principalmente o primeiro, o casal deixa de ser o núcleo da família e o bebé passa a ser o centro das atenções… Não é fácil o ajustamento. Ambos amam-se, ambos amam o novo ser que veio trazer um novo sentido à palavra família mas o tempo que antes era a dois, é agora partilhado a três e os papéis têm de ser reorganizados.
Isto, no meio das hormonas e do cansaço, pode gerar alguma tensão e o amor pode ressentir-se. Nada que um bom momento de calor humano e muita compreensão não cure. Os filhos precisam dos pais e os pais precisam-se mutuamente. E, acima de tudo, cada um tem que estar bem, sentir-se bem nesse novo papel.
De repente, deixamos de ser a Silvia ou o Carlos e passamos a ser a Mãe ou o Pai… E a nossa cabeça e o nosso coração passa a viver em função disso. Até aqui nada a assinalar. Creio que a raça humana sobreviveu e evoluiu graças a esta necessidade de crescermos e nos protegermos.
Mas e então onde está a mulher aventureira ou o marido romântico com quem me casei? Estão a olhar para o berço embevecidos e a pensar como vão arranjar uma casa à prova de bebés, e sabemos como eles são matreiros, ou a tentar adormecer as ditas crias em vez de preparar um jantar à luz de velas com música romântica que poderá acordar aquela criança que demorou duas horas a adormecer e acorda com os primeiros acordes de Marvin Gaye.
Pais felizes, Bebé feliz
Em primeiro lugar, quero dizer… Não há nada mais romântico que dormir juntinhos e permitir que o pai mude a fralda para que possamos dormir mais uns minutos. Dormir é um dos grandes truques de manter a chama acesa. Se estivermos descansados, raciocinamos mais facilmente, percebemos melhor o outro e temos mais empatia.
Em segundo lugar, as pequenas coisas… o take-away do chinês com uma vela acesa naquela meia hora; o café quente na cama com uma torrada, o convite para um passeio a três, em que sabemos que o bebé vai dormir no carrinho e nós apanharemos sol e ar puro e podemos dar as mãos e conversar sobre nós.
Isso leva ao terceiro ponto, o toque. Não é preciso ficarmos disponíveis para o amor logo no dia seguinte… ou no mês seguinte… mas não podemos esquecer que os bebés não são concebidos pela água que bebemos… e o contacto humano é muito necessário até para que as nossas hormonas andem mais felizes. Abraços, beijinhos, cabeças no colo, mãos dadas, sexo… tudo faz parte da vida do casal e não pode ser posto de lado só porque um bebé nasceu. Claro que custa… e quem teve parto vaginal com o ponto extra… sabe bem do que falo. Mas faz parte. Fazia parte antes e voltará a fazer parte da relação.
O Bebé, o centro do mundo
Não se espera que uma mãe deixe a criança a chorar para ir servir o marido ao jantar, embora esta cena não esteja assim tão distante. No entanto, o bebé não é o centro do universo. A família é o centro do universo e esta quer-se bem, quer-se junta. Há vários caminhos, não há uma única resposta e, por vezes, o caminho é a separação… O bebé não tem culpa e merece dois pais que o amem.
Para todos os outros, há esperança. Ser mãe e ser pai não é inato. Vamos aprendendo todos os dias. 16 anos depois do primeiro, ainda agora estou a aprender e nunca serei uma perita. Não há uma solução única. Há a esperança no amor. Em que os pais se unam e percebam como fazer o caminho e que esse caminho vai ter obstáculos. Cabe a cada um de nós ultrapassar esses obstáculos juntos.
Depois, há também o processo de auto-conhecimento que vem com a maternidade/paternidade. Isto traz à tona o melhor e também o pior que há em nós. Lembro-me que depois de ter tido o meu primeiro filho, o meu marido brincava, quando me via mais tensa:
Tens fome? Tens frio? Estás cansada?
E aquilo fazia, e ainda faz, sentido. Quando como, fico mais bem disposta. Quando tenho frio, fico mais sensível e se tiver muito sono, pareço uma rainha com dois anos, uma diva… E aí já sei que são horas de dormir. Como agora!
Sejam felizes, celebrem esses novos príncipes e princesas da casa, mas não se esqueçam que vós sois as rainhas e os reis do vosso reino e que o vosso reinado foi fundado em amor!
Gostei tanto deste post Sílvia.. há coisas que vem mesmo acalhar.. e talvez, estava à espera de algo assim!! Um beijinho grande*
Ainda bem que veio no momento certo… Vi alguns casais separarem-se por não conseguirem encontrar o equilíbrio… Nós, também com três, temos de ir sempre fazendo novos ajustes e nunca há apenas uma solução nem um caminho. Obrigada pela partilha!