Nunca conheci Clotilde Rosa pessoalmente, mas entrou subtilmente na nossa casa o ano passado, quando o N. recebeu um CD com algumas das suas obras. Andou no carro em loop durante muito tempo e ainda é pedido de tempos em tempos.
Soube ontem que faleceu esta grande compositora portuguesa que, desconfio, não será conhecida da grande maioria dos portugueses. Na área da Música Erudita, uma mulher nascida nos anos 30 singrou em Portugal como compositora e, ao longo de 40 anos, compôs mais de sessenta obras. Estudou em Portugal, na Holanda e em Darmstadt, na Alemanha, primeiro como harpista e, mais tarde, como compositora.
Trabalhou lado a lado com o compositor, maestro e pianista Jorge Peixinho, vindo assim a integrar o GMCL, Grupo de Música Contemporânea de Lisboa, onde se manteve activa durante décadas enquanto harpista e, até à semana passada, como uma das mais prolíficas compositoras que colaborava com este agrupamento musical fundado em 1970 e em actividade permanente desde então.
No dia da sua morte, teria lugar o concerto da eliminatória final do III Concurso Internacional de Composição Grupo de Música Contemporânea de Lisboa/Jorge Peixinho, que foi cancelado, fazendo Clotilde Rosa parte do júri.
Era, de facto, uma mulher excepcional e cuja falta será sentida. Perdemos assim mais uma das pioneiras da música erudita contemporânea em Portugal.
Se puderem, ouçam algumas das músicas dela nos vídeos.
Clotilde Rosa (11 de Maio de 1930 – 24 de Novembro de 2017)