Restelo, Outra Vez é a peça de teatro, apresentada no Museu do Ar em Sintra, para todos os amantes de teatro, de aviação ou de história, ou dos três. A peça foca em dois militares que discutem o desaparecimento de Sacadura Cabral e Pinto Corrêa no Mar do Norte, fez ontem, 15 de novembro, exatamente 98 anos.
É um espetáculo de duas personagens fortes e antagónicas, com um excelente trabalho de som e banda sonora. O texto, de Liberto Luso, é muito interessante, com um vocabulário e uma pitada de ironia, que, na minha opinião, seria próximo do que esperaríamos encontrar num aeródromo militar, nos anos 20 do século passado.
Também, o cenário minimalista, e, ao mesmo tempo, o envolvimento com todo o cenário mágico, que é o Museu do Ar à noite, tornam esta peça ainda mais especial. Que privilégio! Estar ali, naquele momento, com o nevoeiro que pousa nas montanhas de Sintra parecem poder acordar, a qualquer momento, acordar os motores de todas aquelas relíquias aéreas.
E, finalmente, os actores que sendo apenas dois enchem o palco e encarnam, de corpo e alma, o Capitão Póvoa e o Cabo Arrojado. Eduardo Ribeiro, com a sua poderosa voz e expressividade, e José Coelho, com o seu ar inocente e malandro e dedicação ao seu Le Rhone, enchem todo o museu com o seu talento.
Carlos Paiva, o encenador, e toda a sua equipa, estão de parabéns pelo belíssimo trabalho efetuado nesta peça, que serve de homenagem aos 100 anos da primeira travessia aérea do Atlântico Sul.
Se quiserem aproveitar para irem ao teatro, num espaço mágico, voem até ao Museu do Ar, em Pêro Pinheiro, Sintra, às sextas ou sábados às 21h30e boa travessia!
Agora, confessem lá, há quanto tempo não vão ao teatro?