Uma Gaiola de Ouro é um livro sobre o poder feminino da primeira à última página. Camila Läckberg espelha bem a sua preocupação com a perda da emancipação feminina, ao adoptarmos padrões semelhantes ao de outras eras. É um livro a ler… mesmo pelas mães a tempo inteiro como eu!
Num dos últimos clubes de leitura a que fui, ainda na Feira do Livro de Lisboa, foi muito recomendado e não consegui resistir à tentação. Da Suma de Letras, Uma Gaiola de Ouro é um romance poderosíssimo sobre violência doméstica, submissão e anulação do eu e o conflito subjacente com a libertação, a criação de novos eu e a procura pela felicidade e (através da) vingança.
Temos Faye, uma mulher extremamente inteligente, fechada numa redoma por um marido perfecionista. Tudo é quase perfeito na sua vida! Até que, de repente, o seu mundo se desmorona e ela fica sem nada. É, nesse mesmo momento, obrigada a encontrar o seu eu e, pelo caminho, arquitectar uma dolorosa vingança.
Pelo meio, há homicídios, traições várias, planos sofisticados de vingança e grandes amizades. É interessante verificar a dicotomia entre as amizades na classe alta e as amizades que Faye desenvolve com Chris e com Kerstin. Läckberg escamoteia bastante a falsidade e o encobrimento patente numa sociedade onde o poder financeiro se sobrepõe a tudo o resto.
Não obstante, a forma como escreve o texto, ora no momento presente, ora em flashbacks à infância de Faye, é igualmente uma dura crítica aos olhos fechados de toda uma aldeia perante uma situação gravíssima de violência doméstica. E, essa realidade, ultrapassa ainda hoje barreiras geográficas, sociais e temporais.
Em relação à submissão e anulação do Eu, que vemos na primeira parte do livro, isto acontece… Não é necessário ser mãe a tempo inteiro. Quem nunca conheceu alguém que se transformou noutra pessoa para agradar ao companheiro ou companheira?
Este é um livro muito forte, com vários sobressaltos pelo meio e um fim que poderá surpreender muitos leitores. Tal como fui aconselhada a ler, aconselho também a que o leiam.
Se quiserem ver outras boas leituras que fiz, cliquem no link!
Cara Sílvia, é tão engraçado como conseguimos avaliar de um modo diferente, uma mesma leitura.
Este livro foi dos piores que li este ano. Mal escrito, mal estruturado, com uma personagem sem coluna vertebral, com cenas de sexo gratuito, e um catálogo de marcas “in” que devem ter patrocinado a Läckberg…
Nem as temáticas traição e violência doméstica, o conseguem salvar.
Creio que foi feita uma excelente campanha de marketing, que projectou este livro para a ribalta de tal maneira, que até Clubes de Leitura, como diz, se debruçam sobre ele.
É realmente engraçado! Felizmente, há leitores para todos os géneros. Provavelmente, não o teria requisitado na biblioteca se não mo tivessem indicado no Clube Literário. Fiquei curiosa com a descrição de quem o tinha lido e fez-me lembrar um filme com a Roseanne Bar, que se vinga do marido, de outra maneira. Foi daqueles que queria ler depressa para perceber o que iria acontecer. Infelizmente, já li uns quantos bem piores este ano e alguns bem melhores também! Boas Leituras!