A escola, o telemóvel e o suicídio

A Mamã É que sabe - rubrica semanal

Em primeiro lugar, quero dizer que estou muito triste com esta situação que aconteceu em França, onde uma criança do 5º ano se atirou de uma ponte. A razão, segundo o jornal, terá sido o pânico por ter sido castigado pelo professor que o apanhou a usar o telemóvel durante a aula. Os pais estarão destruídos e aquele professor, apesar de ter feito o que parece ser normal em França, ficará com aquela morte na consciência.

Em segundo lugar, vamos conversar um pouco sobre o telemóvel na escola. Já há escolas que proíbem os alunos de terem telemóveis na escola, outras proíbem o seu uso, outras são mais liberais. Pessoalmente, não considero importante as crianças terem telemóvel a não ser que andem sozinhos de forma autónoma. Como imaginam, só o nosso adolescente é que tem telemóvel. Quando algum vai numa viagem de estudo, levam um pequeno e velho telemóvel com um cartão temporário para o caso de quererem comunicar connosco. Isso somos nós!

Custa-me, de qualquer modo, que as crianças do primeiro ciclo estejam no intervalo sentados a jogar sozinhos no telemóvel em vez de estarem a brincar e isto já não é assim tão invulgar. Percebo também o lado dos pais que podem precisar de comunicar com a criança. O ideal seria um meio termo, pelo menos até ao fim do 3º ciclo.

O ideal seria que todas as crianças tivessem um cacifo onde pudessem guardar os 15 kg de livros, os lanches e os telemóveis que entravam de manhã e saíam à hora do toque de saída. Se houver algo mesmo grave, os pais podem e devem telefonar para a escola.

Claro que as crianças não vão estar a jogar nas aulas mas será que não vão perder oportunidades de socializarem com os seus amigos? Quem já não prevaricou? Espreitar uma mensagem, ver quem fez like no instagram, alimentar o gato Tom, que aborrecidamente decide miar no meio de uma aula a lembrar todos que precisa de comer?

As crianças de hoje são muito mais tecnológicas. Sabem mexer, quase de forma automática, em tudo o que é tecnologia em casa e isso é óptimo. Em termos escolares, haverá um dia em que os professores poderão usar (e alguns já o fazem) os telemóveis como método de ensino, ao qual os alunos reagem muito bem.

Até lá, deixem-nos brincar no intervalo, correr e conversar com os amigos, em vez de parecerem aqueles zombies que por vezes vemos nos memes em que está um grupo de amigos a jantar e a conviver, apesar de estarem todos a olhar para o telemóvel. Por mais que o mundo evolua, convém que a amizade, o convívio e a brincadeira continuem a fazer parte da vida de todos.

 

 

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