O voto em Portugal é um fenómeno relativamente recente, com pouco mais de um século e reservado, na maioria deste último século, aos homens. Quando me dizem que votar não serve para nada fico com comichão generalizada… E, se for uma mulher, ainda mais… Que mais não seja procurem Sufrágio Feminino e imaginem como se deveriam ter sentido estas senhoras porque os homens achavam que as mulheres não tinham capacidade intelectual para votar.
O voto serve para escolhermos quem nos irá representar no governo local, central ou Europeu e, apesar de, por vezes, parecer que não temos grande escolha… Se calhar, até temos. O problema é sairmos da nossa zona de conforto e fazermos perguntas a sério a quem queremos que nos represente.
O problema não será tanto o voto em si mas o haver um espaço neutro de debate onde o cidadão comum pode assistir e participar num debate saudável sobre os vários projetos dos vários candidatos. Isso implica que temos candidatos sérios e abertos a um debate e cidadãos capazes de abandonar as canetas e chouriços e a perderem 3 a 4 horas do seu tempo a ler os programas eleitorais e as suas letrinhas pequenas e questionar os vários candidatos sem medo de represálias.
Apesar de já termos 43 anos de democracia, ainda temos receio que o papão estado nos possa magoar se fizermos perguntas incómodas. Mesmo que não haja este debate e os nossos receios não sejam acalmados, podemos sempre votar e ler os programas eleitorais (que têm sempre um aspeto tão giro e fantástico).
Se me dizem, vão ser sempre os mesmos, eu respondo:
- procurem uma alternativa.
Quando me dizem, mas não fizeram nada, pergunto:
- Não fizeram nada e vão votar nos mesmos? A alternativa pode não ser melhor mas pelo menos é uma alternativa.
Quando me dizem: não vale a pena votar… Eu irrito-me e digo:
- Há mulheres que morreram para podermos votar! Antigamente não se votava e esperava-se placidamente por absolutamente nada!
A democracia não é perfeita mas sem ela estaríamos muito pior. Temos que nos tornar cidadãos mais participativos, mais conscientes! Escolher em quem votar não é como escolher um clube de futebol. A minha reforma não fica decidida se o Porto ou o Sporting empatam, mas posso ficar sem ela se deixar os outros decidir por mim quem governará o país!
Do mesmo modo, se ficar em casa ou na praia e deixar os outros decidir quem será o próximo presidente de câmara… 40% de abstenção este ano. Já foi pior! Pouco a pouco pode ser que se altere o panorama. Espero que a geração que se avizinha seja mais consciente do poder do voto e não apenas do dever de votar mas também que é o nosso direito e que podemos fazê-lo!
Pior é quando um governo fecha urnas e não deixa os cidadãos decidirem o futuro como aqui no país ao lado! Aproveitemos para baixar ainda mais a abstenção nas próximas eleições!
Votem bem, Votem mal, Votem!